30 dezembro 2006

"No dia em que nasceste todos riam, só tu choravas - faz por viver de tal modo que no dia da tua morte todos chorem, só tu rias"

Confucio
Informações úteis em embalagens...
Sabonete dove: "Utilizar como sabonete normal" (Cabe a cada um imaginar para que serve um sabonete anormal)
Refeições congeladas Iglo: "Sugestão de apresentação: descongelar primeiro" (é só sugestão! De repente o pessoal pode estar afim de lambê-la, como se fosse um gelado...)
Na touca para o duche de um hotel: "Válido para uma cabeça" (alguém muito romântico poderia colocar a sua e a da amada na mesma touca...)
Na sobremesa tiramisú da marca Tesco, impresso no lado debaixo da caixa: "Não inverter a embalagem" (oops!!! Leu o aviso...é porque já inverteu!)
No pudim do Mini Preço: "Atenção: o pudim estará quente depois de aquecido" (brilhante!!!)
Na embalagem da tábua de passar Rowenta: "não engomar a roupa sobre o corpo" (só porque nao fica tao bem...)
Num medicamento (pediátrico) contra o catarro infantil, da Boots: "Não conduza automóveis nem maneje maquinaria pesada depois de tomar este medicamento" (tantos acidentes na construção civil poderiam ser evitados se fosse possível ter esses hooligans de 4 anos longe dos catterpillars)
Nas pastilhas para dormir da Nytol: "Advertência: pode produzir sonolência" (curioso sintoma...)
Numa fileira de luzes de Natal: "Usar apenas no interior ou no exterior" (qual será é a 3ª opção?)
Nos pacotes de amendoim da Matutano: "Aviso: contém amendoins" (mania de estragar as surpresas!)
Numa serra eléctrica da Husqvarna: "Não tente deter a serra com as mãos ou os genitais" (desgraçado do que deu origem a este aviso…)

19 dezembro 2006

Chiado


Chiado à noite


17 dezembro 2006

Os jantares de Natal em casa do avô

Como eram?
Vou voltar a Santa Apolónia. Mais uma viagem pelas recordações do tempo. Já tinha falado, mas vão sempre haver histórias e situações para lembrar. Esta é uma delas. O Jantar de Natal, com toda a família, no dia 25.
Mas antes de falar dos jantares, devia falar um bocadinho do avô Eduardo. Um senhor sério, muito direito, de barba e pouco cabelo branco, muito frio e autoritário. Eu tinha medo dele quando era pequena. Vivi até aos 16 anos em Santa Apolónia. Todos os dias, depois do banho, íamos dar um beijinho ao avô (e à avó, quando era viva). Em bebé eu berrava, não os podia ver, segundo descrição dos meus pais. E a avó adorava-me, vá-se lá saber porquê. Uma criança que chorava o dia todo... Depois, só lá ia porque era "obrigatório", mas nada de conversa. Ia eu e a minha irmã Mariana, atravessávamos o jardim, em roupão, para ir "lá abaixo ao avô", dávamos um beijinho sem demoras para não o interrromper enquanto via o telejornal, sentávamos um bocadinho no sofá ao lado e despedíamos outra vez passados p'aí 5 minutos. Se os meus pais também iam, ficávamos um bocado mais. Mais tarde já começava a falar das aulas e das notas. Um bocado a medo também, à espera do que podia dizer (notas sempre miseráveis!). Mas não passava disso. Nunca foi um senhor de muitas palavras connosco. Eu também nunca fui muito faladora, de maneira que as visitas eram mesmo rápidas.
Acho que só lá para os 18, 19 anos comecei a ir visitá-lo com vontade e com gosto. Já não morávamos lá, a imagem que tinha dele foi-se transformando e a minha maneira de ser também mudou (algum dia tinha de deixar de ser bichinho do mato). Já ia almoçar com ele, e com um tio ou outro que pudesse aparecer, conversávamos, ouvia-o a rir-se, não tinha "medo" de dizer fosse o que fosse. E falar das aulas na universidade, então, era um orgulho para ele. Finalmente eu tinha boas notas!
Mas desde sempre que todos os anos havia um dia em que eu gostava particularmente de lá ir. Um dia em que a casa, enorme e um pouco sombria, se tornava quase pequena, barulhenta e muito movimentada. 11 filhos casados, entre eles, o meu pai. 34 netos, alguns também casados e, na altura, uns 10 bisnetos (todos os anos vai crescendo, ja nao sei quantos são), e a Joaquina e o António, empregados de toda a vida. Umas 75 pessoas, devíamos ser. Quando éramos mais novos, os primos mais velhos (diferença enorme de idades na altura) perguntavam sempre se sabíamos quem eles eram, como se chamavam e de quem eram filhos. E a verdade é que muitas vezes eu nem sabia. Só os víamos aquela vez por ano. Eram quase estranhos alguns deles. Talvez nos cruzássemos com um ou outro na Balaia nas férias do Verão.
Quando já estavam todos, juntávamo-nos na sala dos vidrinhos para abrir os presentes. Eu só recebia da madrinha e a minha mãe fazia sempre questão de levar um ou dois para nós abrirmos no avô e não ficarmos tristes por ver tantos presentes a passar e não serem para nós (suponho). Depois de desfeitos todos os embrulhos, jantar. Servíamo-nos e íamos ocupando os sofás e cadeiras das diferentes salas (os mais velhos, ou a maior parte, tinham lugar à mesa). Ai aquelas comidas da Joaquina!! Que saudades! Lembro-me da lebre, do perú, do bacalhau e da salada com pinhões e passas e, claro, das sobremesas de ovos e as de chocolate e as laranjas cortadas às rodelas. Acho que nunca tivémos os doces típicos de Natal.
Quando mais novos, e enquanto os adultos acabavam o longo jantar, brincávamos ao quarto escuro e às escondidas pela casa, o que acabava no instante em que o avô aparecia, nem precisava de falar... Foi engraçado ver isso depois com a geração seguinte. Já éramos nós que mandávamos as crianças (nossos primos-sobrinhos) sossegarem enquanto púnhamos a conversa em dia. Quando finalmente já todos estavam jantados e minimamente conversados, reuníamo-nos na sala do piano a ouvir a tia Madalena a tocar maravilhosamente. A especialidade da tia Madalena é cravo, mas graças a Deus era um piano que havia lá em casa, comprado para ela quando era nova. É das coisas que tenho pena na vida, nao ter aprendido piano. É tão bonito! É melancólico, é melódico, é suave e é forte, é romântico, é impunente, é autoritário e enche qualquer sala, é lindo! Adoro piano! (Tão pirosa, esta descrição, ehehhe)
Quando ainda morávamos em Santa Apolónia, depois do jantar costumávamos subir até casa (eram umas águas furtadas) para mostrar e relembrar os presentes que tínhamos aberto de manhã em casa e ao almoço em casa do avô António. Éramos muito menos em casa do avô António, mas também era giro. Infelizmente, também está em vias de extinção. Nem percebi se este ano vai haver alguma coisa ou não. Em Santa Apolónia há alguns anos que não temos jantar. Deixou de haver porque o avô já estava velho e cansado e a familia cada vez maior, não cabíamos todos, e depois pela razão óbvia de que morreu. No avô António, apenas têm morrido os laços familiares. Não há pior que discussões de dinheiros.
Este ano, para juntar toda a família van Zeller, fez-se um jantar de Natal no Turf. Muito infelizmente, dois dias antes de eu chegar a Lisboa. Fiquei mesmo com pena de não ter lá estado. Mas dia 25 ainda nos havemos de juntar uns quantos em casa de algum primo. Tem sido sempre assim nos últimos anos. E depois, acabamos todos na noite.