Hoje tive um dia de algumas emoções. Um dia calmo, não muito diferente de outros sábados que já tenho passado. Mas com alguns sentimentos e emoções a querer sair cá para fora. A frieza é uma característica minha, talvez por isso me tenha apercebido que tive um dia diferente.
Nos últimos tempos muita coisa se tem passado. Tenho saído como nem com 17 e 18 anos, feito muitos programas diferentes, procurado ocupar o tempo, viajado... e tive a oportunidade de fazer alguns novos amigos/as. Para além, é claro, do trabalho, onde gosto muito de estar. Foi uma excelente oportunidade que me apareceu quase caída do céu. Foi há já um ano, depois de uma pequena colaboração no Museu dos Coches nos meses de Abril e Maio, que me inscrevi neste programa chamado "Cultura e Emprego" que juntou um grupinho de interessados num curso de Apoio Científico e Educativo (Museologia, generalizando), formando-se assim uma turma que no final foi distribuida pelos diversos museus do IPM, em Lisboa. E como turma que éramos, muitos jantares para nos voltarmos a ver ficaram prometidos e meio combinados. Ontem, após muitos meses sem conseguirmos combinar nada, lá nos encontrámos uns 17 na "Barroca" para trocar saudades e novidades, a maior, que a Magda está de 7 meses. E vai se chamar Gustavo. O jantar foi muito simpático e a noite... que noite espectacular! É incrível a boa disposição que uma noite quente como a de ontem me consegue trazer. Um bem estar, um sorriso permanente. Especialmente, estando perdidos pelas ruas movimentadas do Bairro, onde sempre se encontra uma ou outra velha amizade com a capacidade de nos trazer ainda mais boa disposição. Foi o caso da maluca da Sofia S. que só na noite encontro. Mas ontem menos de raspão. Sempre deu para conversar e rir mais do que o costume. E depois as caipirinhas do "Sabor e Arte", sempre com um shot de oferta. Desta vez uma novidade, shot de côco! E a companhia dos resistentes - ficámos reduzidos a um grupito de 4 raparigas e 3 rapazes que às 3 da manhã se mandou para o Lux. Estava vazio à porta e lá negociámos: Rapazes por um lado e raparigas pelo outro, não pagam. Não tinha muita gente, mas estava lá tudo. Foram vindo directas do Rock in Rio (foi toda a gente menos eu...). Foi uma bela noite de Lux! Entre o terraço, a dança lá em baixo com a Patrícia e a varanda no andar do meio, esteve-se muito bem e sempre em boa companhia. Táxi até ao Bairro para ir buscar os carros, boleia para quem precisava e meia hora a fazer tempo para passar o risco de acusar num balão que pudesse ainda aparecer a caminho de casa, às 7h30 da manhã. E como esqueci as chaves, tive de tocar. A porta abriu logo... Paizinho já acordado "Então vadia, isto são horas?" Ri-me, dei beijinho e fui dormir...
Mas falando de hoje, o dia dos sentimentos, ou emoções... Acordei cedo, não era meio dia ainda. Pequeno almoço, que foi a fome que me acordou mesmo, bikini e praia de Santo Amaro ter com a Tata e Filipa. Calor de doidos. CD a tocar, toda alegre e bem disposta e, de repente, dou por mim de nó na garganta e quase lágrima com a música 9, especialmente dedicada a mim, entre as 18 que me gravaram. Não que a música me comova por si, apenas porque me lembrou como a vida é tão injusta para algumas pessoas. Não se trata de nada de grave, pelo menos comparando com as desgraças que se ouvem pelo mundo fora. Mas há quem lute com todas as forças, se mantenha firme e resista às contrariedades da vida, ou do amor, mais concretamente, com a simplicidade de uma atitude positiva e de um sorriso. Há essas pessoas que me surpreendem por conseguirem encarar um não, ou vários até, como se fosse só um desafio que, de uma forma ou de outra, se consegue vencer... e no fim não têm aquilo que mais merecem. Quando um abraço forte e um beijinho cheio de carinho não são suficientes para encher por completo o coração de alguém, que mais se pode fazer para minimizar a tristeza que preenche o resto desse coração, por não ter o que mais desejava? Apesar das coisas do coração me tocarem pouco, porque sou uma menina fria, esta situação comove-me como se de um filme daqueles muito tristes se tratasse.
Mas não havia trânsito e cheguei à praia num instante. Depressa a leveza e descontração voltaram ao estado habitual. Convencida a mudar de ideias quanto ao destino de Setembro: Barcelona em vez de Madrid, e a seguir a dois banhos gelados mas deliciosos, conseguidos após uns 27 minutos de namoro com a água, chegam as 4 da tarde e rápido pa casa tomar banho, pôr um vestidito e babysitting às minhas Juquinhas. A Maria Joana tem 5 anos, e assim de repente, sem pensar, eu sou só a babysitter e não prima. Quase mãe, é o que é. Desde o 1 ano que tomo conta desta pestinha. A Teresinha tem 9 meses, e apesar de já ter ficado com ela algumas vezes, houve uma temporada sem nos vermos, e a piquena mudou de feitio. Agora chora e faz birras e não quer vir para o meu colo, coisa que nunca tinha visto antes nesta santa criatura. Enfim, acabou por ir acalmando com a ajuda das macacadas da Joana e de uma sopa na altura exacta (estava mesmo a ficar com fome, a moça). E na hora de deitar, já com uns sorrisos vagamente esboçados para mim, estava francamente mais calma e serena. Não estava era muito convecida de que era mesmo para dormir, então comecei a fazer-lhe festinhas na cara e cabeça e ela fixou o olhar em mim. Não fechava os olhos e tinha mesmo um ar calminho. Parecia que estava a mostrar que afinal não era preciso ter chorado, afinal até não se importava nada de estar comigo. Aqueles olhinhos, que iam fechando devagarinho, foram mais um momento de emoção para mim.
E todo o dia a cabeça andou divagando pelos últimos acontecimentos. Últimos 6 meses, últimos 6 dias, últimas 6 horas. Calor, pessoas, ruas, música, praia, conversas, restaurantes, dança, livros, amigos, destinos, risos, filmes, noites, museu, exposições, esplanadas, confissões...
Depois de deitar a Joaninha, ainda fui pesquisar sobre cursos de fotografia digital em Barcelona. Pareceu-me que podia ser interessante, especialmente por serem cursos dados em castelhano. Falta o mais importante, trabalho! Mas vim até ao blog e deu nisto...